terça-feira, janeiro 23, 2007

a despenalização do aborto!

Marcelo Rebelo de Sousa criou um site no âmbito da campanha para o Referendo à lei do aborto. Diz ele que defende a despenalização, mas não a liberalização à IVG. Ou seja, como outros defensores do não, não suporta o facto de estar a contribuir para que mulheres sejam julgadas por abortarem clandestinamente, mas já não se preocupa com o egoísmo tremendo que é mudar a lei sem mudar o que é igualmente importante: a falta de apoio e os cuidados médicos, psicológicos e sociais que as mulheres precisam nesta dificil decisão. No fundo, apela à inércia e à irresponsabilidade perante a actual realidade, hipócrita e injusta. Descansam-se as consciências, permanece o problema. Também não posso deixar de me sentir insultada pelas razões que o professor enuncia como causa de um aborto por livre opção da mulher: parece-me óbvio que não é uma "depressaozinha ou uma mudança de residência" que levam uma mulher a tomar esta decisão dificil e séria. As mulheres não são um mero saco de futilidade e irresponsabilidade como ele demagogicamente quer fazer parecer. Nenhuma mulher toma uma decisão desta natureza de forma leviana, e quanto maior for o apoio e a transparência, maior será o esclarecimento e a responsabilização, que poderão evitar futuras situações semelhantes. Por fim, resta-me a crítica aos argumentos que apontam a despenalização do aborto como uma medida anti-natalista, já que a relação entre estes dois temas me parece tão superficialmente óbvia e tão contextualmente vazia. E, ainda, as referências aos minoritários países onde o livre e seguro acesso ao aborto é permitido que se esquecem de referir que na UE são apenas cinco (Irlanda, Polónia, Portugal, Chipre e Malta) os países que escondem esta realidade. Sim, na Alemanha, o país dos recentes incentivos natalistas, o aborto também é legal... é que os abortos ilegais não geram nascimentos!

1 comentário:

Morgaine disse...

Benvinda Filipa! Esperámos esperámos mas valeu a pena, hem? ;) Subscrevo inteiramente a tua opinião, claro. Espero que dia 11 haja mais pessoas a subscreverem e a votarem. "Sim", de preferência. Confesso que estou um bocado receosa...