segunda-feira, dezembro 18, 2006

Cidadania

Mais um pensamento a puxar pelo ideal político (Gorki, vê lá se acordas!)... Num destes fins de semana estive em Salamanca a visitar um velho amigo. É o único espanhol que conheço que adora tanto Portugal que fará de tudo para vir para cá viver... Partilha comigo bastantes ideais e nesta viagem descobri que partilha mais do isso. Ser de esquerda não é fácil, é um tormento constante, uma luta interior quando tentamos sobrepôr a imgem do nosso mundo ideal e do mundo que temos. Os comunistas até o podem negar, mas acho que todos em algum momento das suas vidas vacilaram e deram por si a pensar que era tudo muito mais fácil se aceitassem algumas alternativas que a direita nos dá. Porque a democracia encrava quando pomos a votar tanto idiota. Então o David saiu-se com esta... que lhe custa muito pensar, mas se calhar os gregos é que estavam certos: tinham uma democracia em que só votavam aqueles que eram considerados “cidadãos”. Assim podíamos inventar um sistema de exclusão de voto. Eu preferia apostar em formar cidadãos e obter resultados nem que fosse daqui a 50 anos. Mas tenho de admitir que a ideia é bem tentadora, lá está...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Dust


Caros amigos do Blog, vamos tentar sacudir essa inércia de cima de nós e fazer alguma coisa por este nosso bloguezito, que ele merce mais uma tentativa, coitado! A mim também me custa! afinal é tão difícil guardar aquela linha de pensamento até ao fim do dia para a pôr em palavras... mas no fim acaba por valer a pena ;)

Metro do Porto

A semana passada foi uma semana para eu, Sofia, Raquel e Fontinha andarmos a laurear a pevide por esse país fora (como quem diz Porto e Aveiro), a tentar vender o nosso peixe (como quem diz a mostrar os resultados, suor do nosso trabalho de estágio, em forma de nervosas apresentações ou relaxados posters). Mas isso não interessa nada. O que interessa para este post propriamente dito é que, até ao momento, eu (e creio que falo pelos meus ilustres colegas) ainda não consegui compreender como é que o pessoal do norte não acha estranho circular num metro que tem três linhas, sobrepondo-se na maior parte da sua extensão que acabam todas no estádio do dragão! Eu posso estar enganada, espero estar e espero muito sinceramente alguém me me possa dizer como é que aquilo funciona! Porque é que não há mudanças de linha? Andam todos na mesma linha? Mas isso seria uma confusão... E o que mais custa é ver que para ir a Serralves tivémos que andar a gastar sola durante uma hora, ou então apanhávamos o 78. O problema é que esse.. vai dar uma graaaanda volta!

domingo, junho 04, 2006

Criancices...

Sofia, infelizmente venho para aqui escrever mais uma vez, mas não para "animar".
Este fim de semana saiu mais uma notícia que, quer pela brutalidade, quer pela falta de cobertura (o que admito que até demonstra um certo bom senso dos jornalistas) me deixou ainda durante uns momentos a pensar se seria possível... na Grécia um grupo de crianças matou outra criança queimando-a viva. As explicações, se é que as pode haver, é de que o menino pertencia a outra raça.
Esta notícia uns dias depois de uma reportagem na rtp sobre violência de alunos contra professores deixou-me a pensar sobre o que se passa com as nossas crianças. Só me consegui lembrar do 1984 de George Orwell, onde as crianças são, de todas as classes, a mais temida. Receio que é isso que possa estar para acontecer. Há 5 anos, antes de vir estudar para Lisboa, nunca me passaria pela cabeça que um grupito de miúdos com metade da minha altura me pudesse assustar. Mas a verdade é que dou por mim a pôr-me em guarda quando passo por alguns...
Mesmo deixando de parte essas realidade mais brutais, como violência e roubo, sobra muita coisa que tem de ser resolvida: intolerância, desprezo por qualquer valor, depressões infantis tratadas a xanax...
Meus amigos, vale a pena pensar nisto e pensar a sério.

segunda-feira, maio 29, 2006

prometido D. Sebastião

Este blog foi criado no dia em que o "nosso prometido D. Sebastião" renasceu do nevoeiro e se fez presidente, de acordo com a vontade de metade dos portugueses e para profunda tristeza da outra metade...pois é, já passaram uns mesitos e a verdade é que ainda não me habituei ao Sr. Aníbal como presidente, e cada vez que oiço falar no nosso presidente dou por mim a pensar no Jorge Sampaio, e depois, apanho um valente susto quando me apercebo que o nosso presidente é afinal o cavaco...mas pior que o Cavaco como presidente, só a Maria Cavaco como primeira dama, aquele anúncio ao pirilampo é no mínimo assustador....

segunda-feira, abril 17, 2006

Andar de metro

Há já bastante tempo que quem anda de metro se habituou a ver muita gente a ler o "Metro" ou o "Destak" com um ar muito compenetrado, muito erudito, pensando, talvez, que esse pequeno gesto a salvaria da mediocridade da classe média que anda de metro às 8.00 da manhã. Nos primeiros tempos, essa nova moda provocava-me um certo desprezo. Agora que já me tinha habituado aos jornais grátis que entopem todos os contentores do lixo ( e bancos e chão e corredores) ainda tenho de levar com anúncios intermináveis ao Rock in rio, um tal de Luís Miguel que é espanhol e canta baladas e o Castelo Branco a rosnar no espectáculo mais degradante de todos os tempo. Tudo isto a juntar ao calor e suor dos primeiros dias de calor, faz-me desejar ir para o "trabalho" cada vez mais tarde...

velhos hábitos

É completamente inaceitável que uma votação da assembleia da república não se realize por falta de deputados. Será que é assim tão difícil alguém assumir as suas responsabilidades? Num país em que a culpa morre sempre solteira, percebe-se mais uma vez que é muito difícil avançar, porque os velhos hábitos continuam a fazer os monges...

quinta-feira, abril 13, 2006

Via democrática

Camarada Morgaine, a via ditatorial não é, nem nunca foi, a via p'ra se chegar à democracia efectiva. O "sistema" em que nos movemos actualmente, ele sim, é uma ditadura disfarçada de democracia formal. Este sistema subsiste pelo facto de estarmos mergulhados num marasmo de anestesia geral (tal como o Carlos referiu, e bem!).
Aquilo a que nós aspiramos, penso que tu também, é a uma democracia em que as vontades e aspirações da maioria, prevaleçam sobre as de uma minoria que, até agora, controla (de forma consciente e/ou incosciente) este mesmo "sistema". Portanto, a esta transformação, não podemos chamar: ditadura.
O caminho da mudança tem que acarretar, obrigatória e simultaneamente, a transformação da idiossincrasia do povo, para que este adira maciçamente, e não pela imposição de modelos de fachada, já gastos.
Exemplos de verdadeiras revoluções na História da humanidade? Pois bem: Rússia, Outubro de 1917; Chile, 1970; Cuba, 1959; etc. etc.. Não há que copiar, há, sim, que inventar novas revoluções.
Digam lá, que isto, não é renovação? :)

P.S.: Sofia, essa de chamares sensível ao australopiteco-troglodita Lobo Antunes, foi gira! :-D

Pensamentos...

Talvez a única maneira de chegar à democracia passe pela criaçõa de um regime ditatorial... Não me orgulho deste pensamento, por isso, caro Gorki, não me leves a mal, bem sabes que no fundo no fundo partilhamos os mesmos sonhos ;)

Eu não grande coisa a discutir política, de modo que quando tentamos arranjar soluções para "tornar o mundo melhor" respondo invariavelmente "educar as pessoas, abrir-lhes os olhos" (e se conseguir convencê-las de que o sacrifício de certos privilégios em prol do grupo traz vantagens para todos tanto melhor).

Esta ideia torna-se ainda mais desejada quando conheço pessoas que não fazem a menor ideia de o que é votar, quando Bush ganha as eleições (e quando vejo pessoas a ler o destak, mas isso é outra história :) )
Não sei como podemos educar as pessoas... toda a gente discute, toda a gente diz que é uma questão de tempo à medida que se vão passando mais anos na escola. Mas surgem gerações atrás de gerações onde os filhos são tão ignorantes como os pais.
Nos meus piores momentos penso que os deveríamos prender a todos e só os soltar quando provassem que eram capazes de tomar decisões (políticas, profissionais, familiares) com discernimento :S

Itália

Sofia, aprecio muito a gesto que tiveste, em tentar tornar o nosso blog um bocado menos político. Espero que não te zangues com o que vou para aqui escrever, mas era o que eu tinha, antes de ver o teu comentário :)

As últimas eleiçõez em Itália foram mais um estranho espectáculo na teatro da democracia: uma diferença de 25.000 votos impediram Berlusconi de chegar ao poder. Ainda bem que não ganhou, "ainda mal" o facto de quase o ter conseguido.
Eu revolto-me muitas vezes quando vejo histórias Fátima Felgueiras-Santuário de Fátima, embora esses momentos de revolta sejam mais breves do que desejaria (o que também me revolta! porque com este tipo de revoltas não se vai a lado nenhum). Mas quando o mesmo estilo de fazer política passa de uma terra inofensiva (não se zanguem, eu também venho de uma linda terra inofensiva) para um parlamento, a história deixa de ser tão hilariante.
Um dia destes assisti a um documentário acerca da ascensão ao poder de Berlusconi e fiquei inquieta: controle directo ou indirecto de grande parte dos canais televisivos (praticamente o único meio de comunicação eficaz em itália), criação de leis que advêm descaradamente em benefício pessoal.
Também inquietante é pensar que tudo isto se passa num estado-membro, sem se ouvirem quaisquer comentários de responsáveis de outros países.
Não devia a diplomacia dar uns puxões de orelhas nos curtos intervalos dos apertos de mão?

quarta-feira, abril 12, 2006

De modo a levar a este espaço para além do desabafo político ( sempre bem vindo) e porque o despertar de conciências me remete para a sensibilidade de António Lobo Antunes, deixo aqui um cheirinho:
"Não sei se acham estranho o que vou dizer; mas há momentos em que sinto as pessoas que morreram ao pé de mim. Um peso de presenças como quando sabemos, por uma diferença, nas costas, que nos observam ao passarmos. Voltamo-nos e é verdade: lá está uma cara fixa na gente que se desvia logo. A cara de um estranho ou de uma estranha que não tornaremos a encontrar"

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Um hino à situação actual do jovem tuga:

«O rapaz até que não é burro
tem é falta de uso
mete o nariz onde não é chamado
como um parafuso
ó meu rapaz, tu só és senhor
do nariz que é teu
aqui paro para explicar uma coisa:
é que o rapaz sou eu
e assim fala quem quer mandar em mim
e assim fala quem quer mandar em mim
e assim fala quem quer mandar em mim
não protestes
não desfiles
não contestes
não refiles
já joguei ao boxe, já toquei bateria (trapum)
p´ra ver se me livrava desta energia
nada feito, que arrelia

isto no fim não passa de uma fase
que passa com o uso
foi muita liberdade de uma vez
e o rapaz está confuso
agora é tempo de apertar com ele:
olha, acabou-se a farra
ai, ai que este país está de pantanas
e não há quem o varra
assim fala quem já me quis varrer
assim fala quem já me quis varrer
assim fala quem já me quis varrer
não protestes
não desfiles
não contestes
não refiles
já joguei ao boxe, já toquei bateria (trapum)
p'ra ver se me livrava desta energia
nada feito, que arrelia

durante algum tempo foi necessário
pôr o rapaz a uso
pô-lo a gritar sobre o prestigio pátrio
e o orgulho luso
agora só nos faltava ele querer
virar o feitiço
contra o feiticeiro que o pôs a render
é que nem pensar nisso
assim fala quem me pôs a render
assim fala quem me pôs a render
assim fala quem me pôs a render
não protestes
não desfiles
não contestes
não refiles
já joguei ao boxe, já toquei bateria (trapum)
p'ra ver se me livrava desta energia
nada feito, que arrelia»

sábado, fevereiro 25, 2006

Pois é, pois é, agora vem aí o sôr Aníbal, mas sejamos honestos, não foi o sôr Aníbal quem ganhou, mas sim o PS quem perdeu ao apresentar um candidato chéché, que diz e passo a citar : "O Ribeiro e Castro não é líder do PP, é líder do CDS, e faz parte do grupo do Partido Socialista Europeu, em que o Partido Socialista é um dos maiores grupos do Partido Socialista..."; isto com certeza deve ser sintomas do desgosto provocado pelas saudades do amicíssimo Carlucci...
É claro que o Manél Triste nunca poderia ganhar as eleições, nem mesmo numa eventual 2ª volta. Aquele marasmo de campanha, que se resumiu a visitas a cemitérios, nas quais proferia frases chauvinistas a cheirar a bafio, não lembra nem ao menino Jesus Cristo.
Mas como na esquerda há sempre muita opção de escolha, também não faltou o candidato da EC (Esquerda Caviar) sempre a discursar no seu estilo obstipado de quem faz muita muita muita força para ver se sai alguma coisita, mas que no fim das contas, aquilo bem escarafunchado, dá népia.
Há que realçar, claro está, que nem tudo foi horrível, houve aspectos positivos, por exemplo (por acaso é o único que me recordo) o esforço e sobriedade patenteados pelo meu camarada Cassete Jerónimo.
Mas não vale a pena descorçoar, o Cavaco não é assim tão mau, e agora apresta-se para formar um trio maravilha com o alegre (gay) Sócrates e o taciturno Constâncio. Ou seja, podemos resumir a útima eleição para PR a 10 palavras: Fónixes pá, estamos bem f......., seja o que "Deus" quiser!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Morfina para a democracia perfeita

De todas as coisas chocantes que nos chegam dos EUA esta nem é particularmente significativa.. mas talvez nos permita despertar as mentes e obrigar-nos a formular opiniões tanto a nível ético como social.
O que aconteceu foi que, após a passagem do Katrina, alguns médicos decidiram administrar doses letais de morfina a pacientes. Estes confessam que “não havia alternativa”. As famílias, muitas fervorosamente religiosas, não aceitam a desculpa.
Incrivelmente, depois de ter feito uma pequena pesquisa na net verifiquei que já se sabia desta história desde o ano passado, e que o assunto foi noticiado de tal maneira nos EUA que é quase impossível não nos compadecermos com a versão dos médicos. Quando pensamos que estamos a evoluir para nos tornarmos sociedades mais abertas e mais tolerantes somos confrontados com situações como estas... uma aplicação da lei do mais forte: se não fazemos nada de ti, então injectamos-te morfina porque não há alternativa e ficamos de consciência tranquila porque morreste a dormir.
Não se deixem dormir!

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Começa finalmente a ouvir-se falar do estatuto de bolseiro em Portugal, um estatuto aliás muito pouco digno para profissionais altamente qualificados... nem a uma declaração de IRS têm direito, muito menos a um contrato razoável de trabalho. Será que algum dia este nosso país atingirá um nível de desenvolvimento que permita uma carreira estável em ciência ou será que vamos continuar a investir em cientistas que acabam por fugir para o estrangeiro...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Depois da vitória mais estranha dos últimos tempos exige-se um momento de reflexão... o que é que aconteceu? Que estranho poder detinha Cavaco Silva para arrastar multidões em fervoroso delírio? Uma promessa de salvação ou as febras e o vinho tinto distribuídos gratuitamente?
Se era o primeiro caso, de que tipo de salvação estão as pessoas à espera?
O que me parece è primeira vista é que foi uma forma clara que se demonstrar o descontentamento pelo governo. Mas arrisco-me a dizer que o tiro vai sair pela culatra, porque as medidas mais impopulares deste governo vão ser os pilares de uma sólida relação entre Cavaco e Sócrates.
Outro dos aspectos que merece a nossa atenção é o facto do maior apoio a Cavaco Silva vir das classes mais desfavorecidas e menos letradas. Será que se obrigássemos as pessoas a passarem por exames de "aptidão para o voto" ter-se-ía repetido este cenário?
Precisamos de medidas urgentes para a reforma da educação e, mais concretamente, da educação política do povo português, ou continuaremos com esta dúvida amarga:
As pessoas que votam sabem o que estão a fazer?

domingo, janeiro 22, 2006

criámos este espaço num dia em que vemos a vitória do vazio...num país que teme olhar de frente para os desafios do futuro, e se calhar por isso mesmo escolheu um fantasma do passado...saído da bruma e cujas opiniões são tão vagas como o nevoeiro